quinta-feira, 20 de abril de 2017

Edenbridge - The Great Momentum (2017)


Edenbridge - The Great Momentum (2017)
(Shinigami Records/ SPV Steamhammer - Nacional)


1. Shiantara
2. The Die Is Not Cast
3. The Moment Is Now
4. Until the End of Time
5. The Visitor
6. Return to Grace
7. Only a Whiff of Life
8. A Turnaround in Art
9. The Greatest Gift of All

De toda aquela grande leva de bandas de Metal Sinfônico com vocalistas femininas surgidas no final dos anos 90 e início dos anos 2000, poucas se mantiveram fiéis à sua sonoridade original. Com quase 20 anos de carreira, o austríaco Edenbridge é um desses raros exemplos. Capitaneado pela vocalista Sabine Edelsbacher e pelo guitarrista Lanvall, fugiram pouca coisa da fórmula que estabeleceram ainda em seu primeiro trabalho de estúdio, o ótimo Sunrise in Eden (00). O que para muitos poderia ser um grave problema, acaba sendo uma das grandes vantagens do grupo sobre a concorrência.

The Great Momentum é o 9º álbum de estúdio do Edenbridge e vem para suceder o burocrático The Bonding (13), uma das raras patinadas do grupo em quase duas décadas de estrada (a outra é Aphelion, de 2003). Fico me perguntando como uma banda que lançou trabalhos clássicos dentro do seu estilo (e que podem bater de frente com os melhores álbuns do Nightwish e Epica), como o já citado Sunrise in Eden e, principalmente, Shine (04) e The Grand Design (06), pode não ser tão reconhecida como deveria, enquanto bandas com uma carreira muito mais inconstante e menos inspirada (alguém ai gritou Within Temptation?) conseguem ter mais visibilidade. Bem, a vida nem sempre é justa.

Antes de tudo, precisamos falar sobre Sabine. Lanvall, com todo o seu talento, até pode ser a alma do Edenbridge, mas ela é sem dúvida o coração da banda. Cantando melhor do que nunca, consegue imprimir emoção às canções, além de adaptar sua voz ao que cada música pede, soando mais agressiva quando preciso, e mais emocional quando isso se faz necessário. Mais do que as partes sinfônicas ou as guitarras, ela é a peça central da música do grupo austríaco. O trabalho das guitarras aqui por sinal é ótimo, já que em momento algum abrem mão do peso, com Lanvall e Dominik Sebastian formando um bela dupla. E sobre o primeiro, mesmo quando se aventura em outros instrumentos, como baixo, teclado e piano, o resultado é igualmente ótimo. Suas orquestrações são simplesmente bombásticas e fazem a felicidade de qualquer amante do gênero. O estreante baterista Johannes Jungreithmeier mostra ao que veio e bate pesado, além de dar bastante variedade ao seu instrumento.

Vale dizer que como de praxe, trabalham muito bem as melodias aqui. Aliás, é indiscutível que esse sempre foi um dos diferenciais da banda. Em The Great Momentum, procuraram dar uma boa variedade ao material, existindo uma boa alternância entre faixas com uma pegada mais Power Metal com outras onde o lado mais emocional predomina. Se na visão de alguns isso pode quebrar um pouco o ritmo, por outro evita que tudo se torne cansativo e repetitivo. Ponto para eles. E, mais uma vez, recorreram a uma orquestra real para a gravação das partes sinfônicas. Aqui a participação foi da Junge Philharmonie Freistadt. Esse tipo de opção deixa inegavelmente o som mais vivo, mais forte e orgânico. Soa infinitamente superior a samples de estúdio.


A abertura, com “Shiantara”, já nos dá um panorama geral do trabalho. Riffs e bateria pesados, arranjos orquestrais de bom gosto e que soam bombásticos, os vocais incríveis de Sabine e aquele equilíbrio perfeito entre o lado Metal e o Sinfônico da banda. A fórmula está posta e é muitíssimo bem utilizada daqui em diante. A sequência, com “The Die Is Not Cast” é um dos pontos altos do álbum. Atmosfera pesada, ótimos riffs, orquestrações e coros bem encaixados e variados, certo clima oriental em alguns momentos e ótimos solos, tanto de teclado quanto de guitarra. “The Moment Is Now” consegue soar acessível, mas sem perder seu lado mais pesado e agressivo. As melodias aqui são ótimas e possui um riff realmente cativante. A belíssima Power Ballad “Until the End of Time” conta com um dueto entre Sabine e o vocalista Erik Martensson, que a deixa ainda mais emocional. Após esse breve descanso, o lado mas pesado e agressivo volta a das as caras com “The Visitor”, que se destaca pelo trabalho das guitarras e pelas orquestrações.

“Return to Grace” já chega de cara explicitando suas influências de música oriental e soa muito enérgica. Com riffs bem agressivos e um solo muito bom, possui um ótimo arranjo de cordas e um desempenho implacável de Johannes Jungreithmeier, que mostra bem ao que veio durante toda a canção. A adrenalina abaixa um pouco com outra balada, “Only a Whiff of Life”. Não entendam mal, ela é linda, suave, transborda emoção através da voz de Sabine, mas poderia ter sido deixada como bônus, até porque antecede o grande momento de The Great Momentum (ah vá, foi um trocadalho do carilho hahahaha), a dobradinha composta por “A Turnaround in Art”, pesada, com ótimos riffs e algumas das melhores orquestrações do álbum, e “The Greatest Gift of All”, o ápice de todo o trabalho. Simplesmente épica, consegue soar suave, emotiva e emocional, mas sem perder o peso, algo importante no trabalho do Edenbridge. Os vocais de Sabine estão incríveis e o piano está muito bem encaixado, ajudando demais nesse lado mais emotivo citado acima. E meus amigos, que orquestrações, que coros! Tudo aqui é grandioso. Sem dúvida, uma das melhores canções da carreira dos austríacos.

A produção ficou a cargo de Lanvall, que fez a mixagem ao lado de Karl Groom. Já a masterização foi realizada pelo ótimo Mika Jussila, no lendário Finnvox Studio, na Finlândia. E que produção, amigos. Clara, limpa, cristalina, mas pesada. Seu grande mérito é sem dúvida, deixar a guitarra sempre em primeiro plano, mesmo nos momentos em que as orquestrações se fazem mais presentes. E convenhamos, em um álbum de Metal, nada mais justo que a guitarra estar à frente, mantendo o lado Metal como protagonista do trabalho. A bela capa foi feita em parceira por Anthony Clarksson e o baterista Johannes Jungreithmeier, que também foi o responsável por todo layout do encarte.

Não, The Great Momentum não é o melhor trabalho do Edenbridge, até porque esse posto é disputado por Shine e The Grand Design, mas ainda sim é um álbum de altíssimo nível e que supera em muito os últimos lançamentos de outros pares renomados do estilo. Não espere inovação ou grandes mudanças estilísticas, até porque não são afeitos a isso, mas se você aprecia Power Metal Sinfônico, esse é um CD obrigatório na sua coleção.

NOTA: 8,5

Edenbridge é:
- Sabine Edelsbacher (vocal);
- Lanvall (guitarra/teclado);
- Dominik Sebastian (guitarra);
- Johannes Jungreithmeier (bateria).

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