terça-feira, 21 de março de 2017

King Woman - Created in the Image of Suffering (2017)


King Woman - Created in the Image of Suffering (2017)
(Relapse Records - Nacional)


01. Utopia
02. Deny
03. Shame
04. Hierophant
05. Worn
06. Manna
07. Hem

Aos que desconhecem, o King Woman surgiu no ano de 2009, na Bay Area, como um projeto solo da vocalista Kristina Esfandiari (Miserable, ex-Whirr), apostando inicialmente em uma linha mais voltada para o Post Metal/Shoegaze. O tempo passou e o projeto foi tomando cara de banda, com sua sonoridade se expandindo e ganhando características próprias, graças a influências bem vindas de Doom Rock, Drone, Psychedelic e Stoner. O EP Doubt (15) cumpriu bem o papel de despertar a atenção do público, preparando assim o terreno para seu álbum de estreia, intitulado Created in the Image of Suffering.

Se você teve contato com Doubt, já lhes aviso, esse é um trabalho ainda mais pesado e escuro. A força motriz por detrás da música do King Woman, como não poderia deixar de ser, continua sendo a voz de Kristina Esfandiari. Assombrosa e dramática, ela consegue transpor emoção enquanto canta, algo muito importante no que tange à forte proposta lírica adotada, mesmo que não varie muito sua voz, o que pode soar cansativo para alguns. Tendo sido criada dentro de uma comunidade cristã bem fechada e sofrendo com uma forte doutrinação, isso gerou nela uma raiva por anos e anos de abuso religioso. Em suas letras, ela exorciza demônios, em busca de liberdade e paz, após tamanho sofrimento.

A faixa de abertura, “Utopia” (na versão digital, abre com a instrumental "Citios"), já deixa muito claro o que devemos esperar do álbum. Riffs monstruosos, arrastados, atmosfera assustadora e vocal que reforça esse clima obscuro. “Deny” soa intensa e visceral, com os vocais suaves e obscuros de Kristina dando o tom. Já “Shame”, passa todo um clima de opressão, com suas melodias fortes e riffs simplesmente implacáveis. Mas o ponto alto realmente se dá com a ótima “Hierophant”. Simplesmente esmagadora, possui uma melodia mais refinada e um clima bem minimalista, além de um ótimo trabalho da parte rítmica, que dá a variação necessária à canção. O refrão é marcante e fica na sua memória por um bom tempo. As três faixas seguintes, “Worn” (mais atmosférica e com ótimo refrão), “Manna” e “Hem”, mantêm o clima obscuro que permeia as canções anteriores, não deixando a qualidade cair.


Gravado por Jack Shirley (Deafheaven, Wreck & Reference, Oathbreaker) no The Atomic Garden Studio, possui uma ótima qualidade sonora, pois conseguiu deixar tudo muito claro, mas longe daquela insipidez que ouvimos em muitas produções por ai. A música aqui não soa fria, mas parece viva. Já a capa é obra do brasileiro Pedro Felipe, mais conhecido como Ars Moriendee, que nos últimos anos trabalhou com bandas como as americanas Christian Mistress e Pale Chalice, e as brasileiras Ruinas de Sade, Son of a Witch e Death by Starvation. Uma das capas mais bonitas que vi nesse ano de 2017.

A mescla de Doom, Psychedelic e Shoegaze, tem como resultado final um álbum muito forte e emocional, carregado de belas melodias, mas também de atmosferas sombrias e assustadoras. Tem tudo para ser um dos grandes destaques do estilo nesse ano de 2017.

NOTA: 8,5

King Woman é:
- Kristina Esfandiari (vocal);
- Colin Gallagher (guitarra);
- Peter Arensdorf (baixo);
- Joey Raygoza (bateria).

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