segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Tarja - The Shadow Self (2016)


Tarja - The Shadow Self (2016)
(Shinigami Records/earMUSIC - Nacional)


01. Innocence
02. Demons in You
03. No Bitter End
04. Love To Hate
05. Supremacy (Muse Cover)
06. The Living End
07. Diva
08. Eagle Eye
09. Undertaker
10. Calling From The Wild
11. Too Many
12. Hit Song (Hidden Track)

Esse ano de 2016 tem sido cheio para os fãs da finlandesa Tarja, afinal, além de The Shadow Self, já tivemos o EP Innocence e The Brightest Void, um álbum-prévia, que contava com algumas canções inéditas, outras já conhecidas de sua carreira, mas que ainda não haviam sido lançadas em Cd e versões diferentes de canções que aqui entraram, além de alguns covers. Como vemos, uma fartura de lançamentos.

Tarja havia prometido que esses seriam os materiais mais pesados de sua carreira até então, algo que pudemos realmente comprovar em The Brightest Void e que se mantém em The Shadow Self, já que o Metal se faz muito mais presente aqui do que em trabalhos anteriores. As participações especiais também são fartas e enriquecem o resultado final. Se não bastasse contar com músicos do calibre de Doug Wimbish (baixo, Living Colour), Mike Terrana (bateria, ex-Masterplan, ex-Rage, ex-Yngwie J. Malmsteen, dentre outros), Max Lilja (cello, ex-Apocalyptica) e Alex Scholpp (guitarra, Sinner), ainda temos aqui nomes como Chad Smith (baterista, Red Hot Chili Peppers), Alissa White-Gluz (vocalista, Arch Enemy) e Fernando Scarcella (baterista, Rata Blanca), dentre muitos outros.

Mas claro que quando falamos em peso, não estamos nos referindo a nada exagerado, já que em momento algum o trabalho perde a acessibilidade que dele se espera. Na maior parte do tempo, o Metal e o Clássico se equilibram muito bem e Tarja procura cantar de forma bem mais natural, tornando assim os vocais líricos menos presentes, algo que do meu ponto de vista é muito positivo. Claro que nem tudo são flores, já que em alguns momentos tal mescla de estilos não funciona tão bem, ficando tudo um pouco demarcado demais, mas não é nada que comprometa o resultado final, já que possivelmente apenas os mais ranzinzas como eu irão se incomodar com tal fato.




“Innocence”, faixa de abertura, é um retrato fiel do álbum. Acessível, com uma guitarra simples, funcional e que imprime o peso necessário, além de uma parte orquestral exuberante.  Outras que seguem bem esse modelo são “Love To Hate”, “Undertaker” e “Supremacy”, essa última um cover do Muse no qual, para variar, a finlandesa consegue imprimir sua identidade. Já “Demons in You” começa com uma levada que remete ao Funk Rock (conta com Chad na bateria), mas logo adquire uma pegada bem moderna e pesada, com direito a participação de Alicia, que divide os vocais no refrão com Tarja. Outra com um peso extra é “Calling From The Wild”, com um belo trabalho de guitarra. “The Living End” se mostra uma bonita balada, enquanto “Diva” já não funciona tão bem, soando um pouco maçante. Outra que não funciona é “Too Many”, faixa que encerra o álbum e sem dúvida o momento mais experimental do mesmo. Se você deixar o Cd rolando após o final da mesma, vai se deparar com uma faixa escondida, mas que não acrescenta muita coisa (apesar do peso).

Mas os dois grandes destaques de The Shadow Self são “No Bitter End” e “Eagle Eye”, faixas presentes em The Brightest Void e que aqui estão em suas versões finais. A primeira se mostra acessível, mas com ótimos riffs e um ótimo refrão. Realmente me empolgou. Já a segunda, além do ótimo dueto entre Tarja e seu irmão Tony, ganhou uma dose extra de peso. Supera em muito a versão anterior.

A produção, como não poderia deixar de ser, é excelente, conseguindo equilibrar muito bem todos os elementos da música de Tarja, tendo sido responsabilidade dela, do seu marido Marcelo Isaac Cabuli e de Tim Palmer (Ozzy Osbourne, Sepultura), que também  cuidou da mixagem. Já a masterização ficou por conta de Justin Shturtz (Jag Panzer, Thunderstorm) e a capa foi obra do Büro Dirk Rudolph.

Posso dizer sem medo que The Shadow Self é o melhor trabalho de Tarja até hoje. Conseguindo equilibrar bem o Clássico e o Metal, injetando mais peso as suas canções, mas sem perder a acessibilidade e soando muito mais natural que no passado, esse é um álbum que vai não só agradar em cheio aos fãs da finlandesa, como também tem potencial para agradar aqueles que até então não haviam se sentido atraídos por seu trabalho.

NOTA: 8,0

Tarja é:
- Tarja Turunen (vocal, piano);
- Alex Scholpp (guitarra);
- Doug Wimbish (baixo);
- Mike Terrana (bateria);
- Christian Kretschmar (teclado);
- Max Lilja (cello).

Gravação:
- Tony Turunen (vocal na faixa 8);
- Julián Barrett (guitarra e violão nas faixas 2, 5, 8 e 11);
- Luis Conte (percussão nas faixas 3, 6, 7 e 8);
- Chad Smith (bateria nas faixas 2, 3 e 11);
- Alissa White-Gluz (vocal na faixa 2);
- Fernando Scarcella (bateria nas faixas 2, 5 e 7);
- Tim Palmer (guitarra e violão nas faixas 3 e 10, teclado nas faixas 1, 3 e 4);
- Jim Dooley (guitarra de 12 cordas na faixa 6);
- Kevin Chown (baixo nas faixas 1, 2, 3 e 5 e baixo acústico na faixa 6);
- Anders Wollbeck (teclado nas faixas 1 e 7);
- Guillermo d'Medio (teclado nas faixas 4, 6, 9 e 10);
- Atli Örvarsson (programação na faixa 9);
- Jetro Vainio (programação na faixa 11);
- Izumi Kawakatsu (piano na faixa 1);
- Marcelo Isaac Cabuli (orgão na faixa 7);

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Panzer - Resistance (2016)


Panzer - Resistance (2016)
(Shinigami Records - Nacional)


01. 96
02. The Price
03. Impunity
04. No Fear
05. To Scream in Vain
06. Alone
07. Attitude
08. Do It!
09. The Old and the Drugs for Soul
10. The Resistance
11. You May Not Have Tomorrow
12. Actitud

Quando falamos de Metal no Brasil, poucos são os nomes que conseguem ter longevidade no cenário. Completar 25 anos de carreira então, é algo ainda mais raro. Pois o Panzer não só conseguiu tal feito, como está lançando seu quarto e talvez melhor trabalho de estúdio. Se Honor (13), trabalho anterior que marcou o retorno da banda após um hiato de 10 anos, já havia impressionado, Resistance consegue dar um passo à frente nesse sentido.

O Thrash Metal do Panzer sempre teve um diferencial se comparado às demais bandas nacionais, já que sempre possuiu um componente Stoner bem forte, com nítidas influências “sabbathicas” em sua sonoridade. Fora isso, ao contrário da maioria, sempre pendeu para o lado mais moderno do estilo, não tentando soar como as bandas da Bay Area e afins, por mais que seja possível pescar influências das mesmas em sua música. Sua sonoridade sempre esteve mais para um Pantera, um Exhorder ou um Machine Head do que para um Metallica ou um Slayer.

A primeira coisa que nos chama a atenção aqui é que, ao contrário do que a maioria poderia esperar, Resistance não é uma continuação natural de Honor, já que é um trabalho mais cadenciado que seu antecessor. Não soa exagerado dizer que sua proposta o aproxima muito mais do passado da banda, mais precisamente de The Strongest (01), do que qualquer outra coisa. Certamente as mudanças ocorridas na formação, com a saída do vocalista Rafael Moreira, substituído por Sérgio Ogres e do baixista Rafael DM pesaram para tal. Sérgio, por exemplo, deu muito mais variedade vocal às canções, já que consegue ir de uma vocalização mais limpa para outra mais agressiva sem perder um pingo de qualidade. 


Após uma breve introdução, “The Prince” chega com os dois pés no peito, não só com aquela mescla de Thrash/Groove/Stoner que já conhecemos, como também mostrando influências de Hardcore NY nos vocais. É um dos destaques do trabalho. A faixa seguinte, “Impunity”, chega mantendo o nível lá no alto e retrata bem o álbum. Arrastada, pesada, com ótimo groove e riffs, além de uma pitada de Sabbath nas guitarras e bateria. Isso tudo vale também para a ótima “To Scream in Vain”. Outra mais cadenciada e agressiva é “Alone”, com destaque para os ótimos vocais de Sérgio. “No Fear” se destaca pelos riffs, enquanto “Attitude” tem um climão que remete ao Classic Rock, mas sem perder as características Thrash. “Do It!” e “The Old and the Drugs for Soul” mantêm o bom nível do trabalho com uma pegada moderna e muito peso. Já “Resistance” foge um pouco das características, sendo a mais veloz do trabalho, mas, ao mesmo tempo, é uma das melhores aqui presentes. Encerrando, temos a curta e melancólica “You May Not Have Tomorrow” e “Actitud”, versão em espanhol de “Attitude”, em homenagem aos fãs sul-americanos do Panzer.

A produção ficou a cargo de Henrique Baboom e do guitarrista André Pars, sendo que Henrique também foi o responsável pela mixagem. Deixou tudo claro, audível, bem timbrado, mas sem perder o peso e a agressividade. Já a capa, mantém o padrão simples e funcional das capas do Panzer, tendo sido feita pelo baterista Edson Graseffi.

Com Resistance, o Panzer deu um passo além, conseguindo soar ainda mais coeso e diversificado, mantendo um pé em seu passado, mas não deixando de seguir em frente com sua música. Indiscutivelmente, um dos grandes trabalhos do Metal Nacional nesse ano de 2016.

NOTA: 8,5

Panzer é:
- Sérgio Ogres (vocal)
- André Pars (guitarra/baixo)
- Édson Graseffi (bateria)

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MetalMedia (Assessoria)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Soilwork - Death Resonance (2016)


Soilwork - Death Resonance (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


01. Helsinki
02. Death Resonance
03. The End Begins Below The Surface (Bônus da versão japonesa de The Ride Majestic)
04. My Nerves, Your Everyday Tool (Beyond The Infinite, EP nunca lançado fora da Ásia)
05. These Absent Eyes (Beyond The Infinite, EP nunca lançado fora da Ásia)
06. Resisting The Current (Beyond The Infinite, EP nunca lançado fora da Ásia)
07. When Sound Collides (Beyond The Infinite, EP nunca lançado fora da Ásia)
08. Forever Lost In Vain (Beyond The Infinite, EP nunca lançado fora da Ásia)
09. Sweet Demise (Edição limitada boxset de The Panic Broadcast)
10. Sadistic Lullabye 2010 (Bônus da versão japonesa de The Panic Broadcast)
11. Overclocked (2016 mix) (Edição limitada em sleeve 7” de Sworn To A Great Divide)
12. Martyr (2016 mix) (Edição limitada em sleeve 7” de Sworn To A Great Divide)
13. Sovereign (2016 mix) (Bônus da versão japonesa de Sworn To A Great Divide)
14. Wherever Thorns May Grow (Edição limitada boxset de Stabbing The Drama)
15. Killed By Ignition (2016 mix) (Bônus da versão japonesa de Stabbing The Drama)

Desde o lançamento de The Living Infinite, em 2013, que o Soilwork vem mantendo uma frequência intensa de lançamentos. Mantendo o ritmo, 1 ano após o lançamento de The Ride Majestic, soltam um novo trabalho, Death Resonance. Mas esse não é um álbum comum: trata-se de um presente para todos os seus fãs, já que resolveram reunir aqui material de acesso mais restrito, que em sua grande maioria havia saído apenas no mercado asiático, junto de duas faixas inéditas.

Por sinal, é com elas que abrem o trabalho. Aqui podemos ver o retrato do Soilwork atual, pesado, moderno, com um trabalho monstruoso da dupla Sylvain Coudret e David Andersson nas guitarras e os vocais versáteis de Björn "Speed" Strid (talvez o melhor vocalista de sua geração). Infelizmente, também marca as últimas gravações com o baterista Dirk Verbeuren, que deixou a banda para assumir o posto no Megadeth. O cara destruiu tudo nas duas inéditas. Falando das mesmas, “Helsinki” equilibra bem agressividade e melodia, além de possuir riffs cativantes e um refrão marcante., enquanto  “Death Resonance” segue nessa mesma linha, mas com um ar ligeiramente mais obscuro.


As 6 faixas seguintes continuam retratando bem o momento atual dos suecos, já que a agressiva “The End Begins Below The Surface” saiu como bônus na versão japonesa de The Ride Majestic (resenha aqui) e as seguintes, que constituem sobras de estúdio de The Living Infinite (resenha aqui), estiveram presentes no EP exclusivo para o mercado asiático, Beyond The Infinite (resenha aqui), lançado por lá em 2014. Dessas, destaco “My Nerves, Your Everyday Tool”, pesada e com uma melodia simplesmente épica e a vigorosa “When Sound Collides”. As demais músicas aqui presentes estiveram presentes em versões de Stabbing The Drama (05), Sworn To A Great Divide (07) e The Panic Broadcast (10). Os mais saudosistas certamente gostarão de ouvir o ex-guitarrista Peter Wichers em ação em algumas dessas faixas, com um destaque especial para a ríspida “Sadistic Lullabye”, faixa presente no debut da banda, Steelbath Suicide (98), e que posteriormente ganhou uma nova versão para a edição japonesa de The Panic Broadcast.

Apesar de se tratar de um trabalho que abarca um período de mais de 10 anos do Soilwork, e automaticamente contar com diversos produtores, a produção soa bem coesa e homogênea, tendo a masterização sido feita por Thomas "PLEC" Johansson (Dinazty, Nuclear Assault, Onslaught, Solution .45). Já a capa mais uma vez foi obra de Mircea Gabriel Eftemie (Artillery, Carcass, Malevolent Creation), mantendo a qualidade dos últimos trabalhos.

O resultado final disso é um pacote muito atrativo para os fãs da banda, já que você vai poder deixar aquelas MP3 de baixa qualidade de lado e ter em mãos todas essas faixas com uma sonoridade muito superior. Claro, por ser um material que une fases diferentes dos suecos, você vai encontrar uma pequena variedade de estilos aqui, mas nada que incomode, afinal, o DNA do Soilwork está presente com força em cada uma dessas 15 canções. Vale correr atrás!

NOTA: 8,0

Soilwork é:
- Björn "Speed" Strid (vocal);
- Sylvain Coudret (guitarra);
- David Andersson (guitarra);
- Markus Wibom (baixo);
- Sven Karlsson (teclado).

Gravação:
- Peter Wichers (guitarra nas faixas 9, 10, 14, 15)
- Ola Flink (baixo nas faixas 4-15)
- Daniel Antonsson (guitarra nas faixas 11-13)
- Ola Frenning (guitarra nas faixas 11-15)
- Dirk Verbeuren (bateria)

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My Dying Bride - Feel The Misery (2015)


My Dying Bride - Feel The Misery (2015)
(Shinigamy Records - Nacional)

01. And My Father Left Forever
02. To Shiver In Empty Halls
03. A Cold New Curse
04. Feel The Misery
05. A Thorn Of Wisdom
06. I Celebrate Your Skin
07. I Almost Loved You
08. Within A Sleeping Forest

Entre 1988 e 1990, surgiu na Inglaterra um trio de bandas que mesclava Death e Doom Metal, e que acabou recebendo a alcunha de Northern Doom. Seus nomes? Paradise Lost, Anathema e My Dying Bride. Outras bandas pelo mundo também começavam a desbravar esse caminho, como as americanas Dream Death (que durou de 85 a 89, antes de retornarem em 2011) e Winter, o Asphyx na Holanda, Tiamat na Suécia ou o diSEMBOWELMENT na Austrália, mas definitivamente, foi o Northern Doom o principal responsável pela popularização do estilo, que nos anos seguintes gerou nomes como Katatonia, Amorphis, Morgion, Exoteric, dentre muitos outros.

Os anos se passaram, a maior parte desses nomes optou por seguir caminhos diferentes para sua música e das ainda em atividade citadas acima, talvez apenas o Asphyx tenha se mantido firme e forte dentro da proposta inicial, mesmo com todas as suas idas e vindas. Mas isso não significa que as demais bandas tenham perdido a relevância, afinal, evolução musical nem sempre é algo negativo. Dentre todas, talvez o My Dying Bride tenha sido a que melhor conseguiu evoluir sem perder suas raízes. Sua música foi ficando mais refinada com o passar dos anos, adquiriu um apelo mais gótico, mas de forma alguma perdeu o peso, a agressividade e a melancolia que sempre lhe foi inerente.

Feel The Misery, lançado em 18 de setembro de 2015 no exterior, e que finalmente ganha uma merecida versão nacional através da Shinigami Records, é o 12º álbum de estúdio dos ingleses e marca seus 25 anos de carreira. Se não bastasse isso, marca o retorno de ninguém menos que o guitarrista Calvin Robertshaw, um dos membros originais da banda e que havia saído após o lançamento de 34.788%... Complete (98). E aqui vale lembrar que, ao lado de Aaron Stainthorpe (vocal) e Andrew Craighan (guitarra), ele gravou dois dos maiores clássicos do estilo, Turn Loose the Swans (93) e The Angel and the Dark River (95). Sendo assim, os fãs só podiam esperar o melhor.


Já na faixa de abertura, a ótima “And My Father Left Forever”, os ingleses mostram ao que vieram.  Enérgica, escura, com riffs fortes e monolíticos, baixo fúnebre e os vocais emocionais de Stainthrope (pudera, a letra fala do falecimento de seu pai, que ocorreu pouco antes das gravações), ela é um dos destaques do álbum. Por sinal, Feel The Misery prima pela consistência e você não vai se deparar com variações de qualidade aqui. Todo o material é muito bom, mas ainda assim vale destacar “To Shiver In Empty Halls”, que já começa com vocais guturais de Aaron e conta com riffs memoráveis e a dobradinha  “I Celebrate Your Skin”, que remete ao período de Turn Loose the Swans e “I Almost Loved You”, triste e dolorosa como só o My Dying Bride é capaz de fazer, além de contar com belas incursões do piano.

Como de praxe, mais uma vez a produção ficou a cargo de Robert “Mags” Magoolagan, algo que ocorre religiosamente desde Turn Loose the Swans. Sendo assim, quem acompanha o My Dying Bride sabe exatamente o que vai encontrar nesse sentido aqui. Já a capa foi obra do guitarrista Andrew Craighan e ficou belíssima. Mostrando a consistência de sempre, Feel The Misery foi um dos melhores álbuns de 2015. Sombrio e gélido, os ingleses dão mais uma prova da sua qualidade e mostram o porquê de estarem aí, há mais de duas décadas espalhando tristeza e melancolia. E que assim continuem por muito tempo.

NOTA: 8,5

My Dying Bride é:
- Aaron Stainthorpe (vocal);
- Calvin Robertshaw (guitarra);
- Andrew Craighan (guitarra);
- Lena Abé (baixo);
- Shaun Macgowan (teclado/violino)
   
Gravação:
- Dan "Storm" Mullins (bateria)

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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Sinsaenum - Echoes of The Tortured (2016)


Sinsaenum - Echoes of The Tortured (2016)
(Shinigami Records/earMUSIC - Nacional)


01. Materialization*
02. Splendor & Agony
03. Excommunicare*
04. Inverted Cross
05. March*
06. Army of Chaos
07. Redemption*
08. Dead Souls
09. Lullaby*
10. Final Curse
11. Condemned to Suffer
12. Ritual*
13. Sacrifice
14. Damnation*
15. The Forgotten One
16. Torment*
17. Anfang des Albtraumes
18. Mist*
19. Echoes of the Tortured
20. Emptiness*
21. Gods of Hell
*Interlúdios

O Sinsaenum é a maior prova de que radicalismos não levam a lugar algum. Enquanto fãs de estilos díspares ficam por aí se digladiando, se ofendendo, os músicos das bandas que defendem/ofendem com tanta paixão, estão pelos backstages dos festivais mundo afora bebendo uma cerveja juntos e dando boas risadas. Vejamos um exemplo. Frédéric Leclercq, baixista de uma das principais bandas de Power Metal do cenário metálico mundial, o DragonForce, é um cara que gosta de se aventurar por outros estilos. Para os que não conhecem, procurem escutar o Menace, projeto de Hard/Prog em que ele toca ao lado de pasmem, Mitch Harris e Shane Embury do Napalm Death e do ex-Hate Eternal Derek Roddy.

Pois bem, um belo dia, ele resolveu colocar em prática as ideias que tinha para um projeto de Death Metal, unindo à sua volta alguns amigos que fez em mais de 20 anos de carreira. Para os vocais, vieram Attila Csihar (Mayhem) e Sean Zatorsky (Dååth, ex-Chimaira). Para a outra guitarra, já que aqui ele é responsável por uma delas, veio o francês Stéphane Buriez, do Loudblast, banda de Death Metal com a qual ele toca ao vivo. Para a parte rítmica, Heimoth, guitarrista/tecladista da banda de Black Metal francesa Seth, assumiu o baixo e a bateria ficou a cargo de ninguém menos que Joey Jordison, ex-Slipknot. E antes que você, com seu radicalismo, torça o nariz para ele, saiba que Joey já substituiu ninguém menos que Frost do Satyricon, na turnê dos noruegueses pelos Estados Unidos em 2004, já que este teve sua entrada proibida no país. Lembra das cervejas e risadas nos backstages mundo afora que falei?

Mas o que esperar de um time tão improvável, que mistura músicos de bandas tão heterogêneas entre si? Bem, um puta álbum de Death Metal. Ok, o Sinsaenum não apresenta absolutamente nada de inovador aqui, já que seu som é quase um tributo às cenas americana e escandinava do final dos anos 80 e início dos anos 90, mas é absurdamente pesada e intensa. Podemos observar boas melodias e elementos orquestrais aqui e ali, além de um flerte interessante com o Black metal, o que torna tudo ainda mais avassalador. Para deixar tudo ainda melhor, uma atmosfera angustiante permeia a audição do início ao fim.


É interessante como apesar de não ser inovadora e até mesmo teoricamente datada, a música do Sinsaenum consegue soar atual. O trabalho vocal de Attila e Sean se complementa, se contrapondo e dando uma dinâmica muito interessante às canções. Isso pode ser observado por exemplo, em “Army of Chaos”, que, aliás, possui guitarras poderosas e participações especiais de Schmier (Destruction), Dr. Mikannibal e Mirai Kawashima (Sigh). Por sinal, Frédéric e Buriez formam uma bela dupla, e durante todo o álbum despejam uma quantidade absurda de riffs pesados e agressivos. “Splendor & Agony” e “Inverted Cross” são dois ótimos exemplos disso. Já “Dead Souls” tem uma pegada mais Doom, arrastada, onde se destaca o baixo de Heimoth. Mas as duas melhores canções aqui presentes estão mais para o final do trabalho, “Anfang des Albtraumes”, diversificada, veloz, com boas melodias e destaque inapelável para a bateria de Joey Jordison e a infernal “Echoes of the Tortured”. Vale destacar também que das 21 faixas que constam no track list, 10 são interlúdios curtos. Felizmente não atrapalham a fluidez do álbum e tornam sua audição até bem agradável.

A produção ficou a cargo de Leclercq e da banda, com mixagem e masterização do onipresente Jens Bogren. Ótima qualidade, como já era de se imaginar. Já a capa foi obra de Costin Chioreanu, que já trabalhou com nomes como Arch Enemy, Arcturus, Mayhem, At The Gates, dentre outros. No final, temos um belo álbum de Death Metal, que vai agradar em cheios aos apreciadores do estilo, principalmente os mais tradicionalistas. E fica também a lição de que radicalismos musicais não nos levam a nada.

NOTA: 8,5

Sinsaenum é:
- Attila Csihar (vocal);
- Sean Zatorsky (vocal);
- Frédéric Leclercq (guitarra, baixo, sintetizador);
- Stéphane Buriez (guitarra);
- Heimoth (baixo);
- Joey Jordison (bateria).

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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Equilibrium - Armageddon (2016)


Equilibrium - Armageddon (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil)


01. Sehnsucht
02. Erwachen
03. Katharsis
04. Heimat
05. Born to Be Epic
06. Zum Horizont
07. Rise Again
08. Prey
09. Helden
10. Koyaaniskatsi
11. Eternal Destination

Apesar do crescimento exponencial a cada trabalho lançado, a estabilidade vem passando longe do Equlibrium desde 2010. Primeiro, tivemos a saída do vocalista original Helge Stang e do baterista Manu Di Camillo antes do lançamento de Rekreatut (10), com a respectiva substituição dos mesmos por Robert “Robse” Dahn e Tuval Refaeli. Depois, novamente antes do lançamento de um novo trabalho, Erdentempel (14), mudanças ocorreram com a saída de dois membros originais, a baixista Sandra van Eldik e o guitarrista Andreas Völkl e a entrada de Jen Majura e de Dom R. Crey. Por último, ano passado Jen saiu (atualmente ela se encontra com o Evanescence), sendo substituída pelo ex-Suidakra Marcus “Makki” Riewaldt. Sendo assim, o único integrante original que aqui permanece é o guitarrista e tecladista René Berthiaume.

E tais mudanças não ocorreram apenas em sua formação, já que sua sonoridade vem se alterando com o tempo. Apesar do rótulo de Epic Folk/Viking Metal que recebem por ai, seu som cada vez mais deixa de lado os elementos Folk, que estão gradativamente sendo substituídos por passagens sinfônicas mais grandiosas. O resultado final é bem claro: a música do Equilibrium vai deixando de lado aquela “alegria” típica de bandas Folk e se tornando cada vez mais pesada, densa e sombria. Não é à toa que muitos fãs die hard do quinteto alemão sonham com um retorno aos tempos de Turis Fratyr (05) e do clássico Sagas (08).


Pois bem, esses continuarão sonhando e isso fica claro já em “Erwachen”, faixa que segue a tradicional introdução orquestral. Pesada, forte e com boas orquestrações, pegada essa que se mantêm na faixa seguinte, “Katharsis”, que possui um ar sombrio. Esse peso extra surge também em outras faixas, como “Prey”, cativante e densa, “Born to Be Epic”, um Death Melódico orquestral e em “Eternal Destination”, um Death/Doom da melhor qualidade que encerra o álbum. O lado mais Folk, apesar de pouco presente, não foi abandonado e ainda dá as caras por aqui. “Heimat” por exemplo, tem boas melodias no teclado e um ar mais alegre. O mesmo ocorre em “Helden”, quase dançante e com um trecho que mais remete aqueles temas antigos de videogame. Já “Zum Horizont” e “Rise Again” são totalmente Folk Metal e certamente agradarão os que sentem falta de tal.

A produção é excelente, tendo ficado a cargo de René, que também cuidou da mixagem. Já a masterização ficou nas mãos do renomado Maor Appelbaum (Faith No More, Adrenaline Mob, Halford, Angra, Sepultura, Anvil, Queensrÿche). Já a capa, assim como no álbum anterior, ficou a cargo da alemã Skadi Rosehurst. Vale citar também que das 11 canções aqui presentes, 4 possuem letra em inglês, o que mostra a intenção dos alemães de alcançar um público maior com esse lançamento.

Bem, se você ainda nutria alguma esperança pelo retorno aos tempos de Turis Fratyr e Sagas, certamente ficará decepcionado. Isso porque o Equilibrium deixa bem claro em Armageddon que a tendência é cada vez mais deixar o passado Folk de lado, se aprofundando mais no lado sinfônico e deixando assim sua música mais obscura e sombria. Pois bem, se isso continuar acompanhado de riffs pesados e esmagadores e melodias épicas como aqui, as perspectivas serão as melhores possíveis.

NOTA: 8,5

Equilibrium é:
- Robert “Robse” Dahn (vocal);
- René Berthiaume (guitarra/teclado);
- Dom R. Crey (guitarra)
- Marcus “Makki” Riewaldt (baixo);
- Tuval "Hati" Refaeli (bateria).

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Twilight Force - Heroes Of Mighty Magic (2016)


Twilight Force - Heroes Of Mighty Magic (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)

01. Battle of Arcane Might
02. Powerwind
03. Guardian of the Seas
04. Flight of the Sapphire Dragon
05. There and Back Again
06. Riders of the Dawn
07. Keepers of Fate
08. Rise of a Hero
09. To the Stars
10. Heroes of Mighty Magic
11. Epilogue
12. Knights of Twilight’s Might

Bem, vamos fazer o check in:
- Nome genérico? Confere.
- Título de álbum clichê? Confere.
- Capa com um dragão? Confere.
- Uma história épica sobre um mundo de magia e heróis? Confere.
- Títulos com palavras como Battle, Dragon, Hero(es), Magic, Might? Confere.
- Vocais limpos estridentes e agudos? Confere
- Profusão de partes sinfônicas, teclados e coros grandiosos? Confere.
- Refrões feitos sobre medida para cantarmos juntos? Confere.
- Guitarras e baixo velozes, com esse último no compasso da bateria? Confere.
- Canção épica de 10 minutos ou mais? Confere em dobro.

Como podemos ver, os suecos do Twilight Force usam e abusam de todos os clichês existentes no Power Metal Sinfônico, tanto que durante os 70 minutos de duração de Heroes Of Mighty Magic, perdura aquela sensação de que já ouvimos tudo isso antes. O som é genérico e isso não dá para discutir. Então porque raios, esse álbum consegue ser tão legal e divertido? Está ai uma pergunta que tentarei responder aqui.


Seu trabalho de estreia, Tales of Ancient Prophecies (14), conseguiu chamar a atenção dos fãs de Power Metal Sinfônico ao ponto de a Nuclear Blast oferecer um contrato ao grupo e investir pesado pra o lançamento de Heroes Of Mighty Magic. E isso se justifica claramente pela qualidade do que escutamos aqui. Confesso que há muito não tenho paciência para o estilo, e raras são as bandas que se enveredam por esses lados que ainda consigo escutar. Na verdade, apenas o Rhapsody (of Fire) e o Gloryhammer, sendo que esse último sequer se leva a sério, tamanha a forma como são caricatos. E bem, de certa forma isso também ocorre aqui, já que cada um dos membros do Twilight Force representa um personagem fictício. Aliás, se você for fã de RPG, vai se deliciar com o encarte do álbum.

Musicalmente falando, Chrileon (vocal), Lynd (guitarra/alaúde), Aerendir (guitarra), Borne (baixo), De'Azsh (bateria) e Blackwald (cembalo/teclado/piano/violino), que no debut utilizava o nome de Eldhrimnir) apresentam exatamente o que se espera deles, ou seja, melodias verdadeiramente grudentas e cativantes, orquestrações simplesmente exuberantes (que não soam forçadas) e que junto com os teclados, assumem o comando das canções. O Rhapsody (of Fire) é a principal referência aqui e o maior exemplo disso, sem sombra de dúvidas, está em  “Riders of the Dawn”, que poderia fazer parte de qualquer um dos primeiros trabalhos dos italianos.

Aliás, Fabio Lione está entre os convidados aqui, fazendo uma participação em  “There and Back Again”, um épico bombástico com mais de 10 minutos, com refrão daqueles grudentos. Talvez por não terem colocado nenhuma canção nesses moldes no debut, aqui resolveram incluir duas, as já citadas acima e  “Heroes of Mighty Magic”, que possui uma atmosfera verdadeiramente majestosa e conta com a participação de ninguém menos que Joakim Brodén, do Sabaton (o Twilight Force é outra banda sueca a vir de Falun). Outras canções que merecem ser destacadas aqui são “Battle of Arcane Might”, que abre os trabalhos retratando perfeitamente o que encontraremos no restante da audição,  “Flight of the Sapphire Dragon”, com um bom trabalho de guitarras e “To the Stars”, rápida, com belos solos e arranjos orquestrais destacados.


Dispensáveis aqui, apenas as duas últimas faixas presentes. A sensação que temos é que o trabalho é dividido em duas partes, ambas se encerrando com canções épicas, em “There and Back Again” e “Heroes of Mighty Magic”. Mas por algum motivo, ao final dessa última resolveram incluir um epílogo de mais de 6 minutos, com um narrador contando desnecessariamente uma história que ficou muito clara durante os mais de 60 minutos de música que o antecederam. A sequência, com a curta “Knights of Twilight’s Might”, soa totalmente desnecessária.

Toda parte de produção, mixagem e masterização ficaram a cargo de Lynd e Blackwald, com ótimos resultados. Apesar de muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, tudo está bem claro e você não se sente perdido, conseguindo escutar todos os instrumentos presentes. Já a capa foi obra de Kerem Beyit (Heavatar). Já toda a parte de design foi elaborada pela dupla Louise Klintäng e Hanna Turi, com resultados realmente muito legais.

Sim, todos os clichês possíveis estão por aqui, como já deixei bem claro, mas Heroes of Mighty Magic consegue cativar o ouvinte e vai agradar em cheio os fãs do estilo. Talvez seja por soarem caricatos e assim divertidos, ou então por não serem pedantes e pretensiosos como o Luca Turilli's Rhapsody, ainda não cheguei a uma conclusão. Mas de uma coisa eu sei. O Twilight Force foi responsável por um dos melhores trabalhos (ou quem sabe o melhor) do estilo lançados em 2016.

NOTA: 8,5

Twilight Force é:
- Chrileon (vocal);
- Lynd (guitarra/alaúde);
- Aerendir (guitarra);
- Borne (baixo);
- De'Azsh (bateria);
- Blackwald (cembalo/teclado/piano/violino).

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Gojira - Magma (2016)


Gojira - Magma (2016)
(Roadrunner Records - Importado)


01. The Shooting Star
02. Silvera
03. The Cell
04. Stranded
05. Yellow Stone
06. Magma
07. Pray
08. Only Pain
09. Low Lands
10. Liberation

Uma coisa é indiscutível quando falamos a respeito do Gojira. A banda formada pelos irmãos Duplantier é indiscutivelmente o nome mais talentoso e criativo da nova geração do Metal, sendo um forte candidato a alcançar um patamar acima e ocupar um lugar no panteão das grandes bandas do Metal em um futuro não tão distante, quando os “medalhões” do estilo pendurarem oficialmente as chuteiras. Álbuns como The Link (03) e principalmente From Mars to Sirus (05) os credenciam a tal, merecidamente, diga-se de passagem.

Desde o lançamento de L’Enfant Sauvage (12), 4 anos se passaram e os mesmos foram movimentados para o quarteto francês. Turnês mundo afora, a mudança da França para os Estados Unidos, onde construíram um estúdio próprio, utilizado na gravação deste novo álbum e principalmente, o falecimento da mãe de Joe e Mario durante o processo de composição e gravação de Magma, fato que teve uma fortíssima influência no resultado final do trabalho.

Antes de tudo, o prezado leitor deve lembrar de que a maior característica do Gojira é justamente a de não se acomodar e procurar sempre novas saídas para sua música. Ousadia talvez seja um adjetivo que define bem sua carreira. E bem, em Magma isso não é diferente, já que o quarteto soa um pouco diferente do que estamos acostumados. Novos elementos foram incorporados à sua música, que agora soa menos agressiva e mais acessível do que anteriormente. Além disso, as músicas estão mais curtas e concisas. Parte disso se dá em virtude dos arranjos, que estão menos intrincados do que de costume, apesar de em momento algum abrirem mão do aspecto progressivo de sua sonoridade. Prova disso é que as mudanças de tempo incomum continuam presentes. Sua música, acima de tudo, continua densa.

Como dito acima, o falecimento da mãe dos irmãos Duplantier teve uma forte influência no resultado final de Magma. Esse é um trabalho que carrega consigo uma forte carga emocional, não só em matéria de letras como em sua sonoridade como um todo e fica bem nítido que toda a dor que sentiram foi canalizada para esse álbum. O resultado são alguns momentos bem angustiantes e perturbadores, músicas que conseguem transitar com naturalidade entre o pesado, o agressivo e o atmosférico. É um Gojira que mantém suas características, mas ao mesmo tempo soa novo, renovado.



Exemplos disso surgem o tempo todo nas 10 canções presentes em Magma. “The Shooting Star”, que abre os trabalhos, é uma canção bem introspectiva, sombria e que possui vocais e melodias que hipnotizam o ouvinte. Outro exemplo disso se dá em “Magma”, talvez a peça central do trabalho, onde o lado atmosférico se destaca bastante, mesmo a banda não abrindo mão do peso das guitarras. Momentos mais com a cara do Gojira podem ser encontrados nas ótimas “Pray” e “Only Pain”, que possuem riffs característicos da banda, muito peso e com Mario brilhando na bateria. Já “Silvera” e “Stranded” mostram um lado mais comercial. A primeira, apesar de uma bateria mais complexa, possui riffs bem simples, enquanto a segunda é a música mais acessível já composta por eles, com bons riffs, refrão grudento e que poderia tocar em qualquer rádio rock por aí sem dramas.

Por ser um trabalho gravado "em casa", a produção e a mixagem ficaram a cargo do próprio Joe Duplantier, com a masterização tendo sido feita pelo renomado Ted Jensen (Metallica, Megadeth, Iron Maiden, Pantera, Dream Theater). O resultado é excelente e nos permite usufruir de toda a intensidade do álbum. Já a capa ficou a cargo de Hibiki Miyazaki.

Por todo o drama de família vivido, esse é sem dúvida o trabalho mais pessoal da carreira do Gojira, já que fica nítido que Joe e Mario colocaram todos os seus sentimentos aqui. Magma é acima de tudo um refúgio para os irmãos, um retrato de toda a dor pela qual passaram. É por assim dizer, o álbum necessário para esse momento particular de ambos.

O Gojira mudou, mas não perdeu em nada a sua qualidade, não soando exagero algum afirmar que Magma é um dos principais lançamentos de 2016.

NOTA:  8,5

Gojira é:
- Joe Duplantier (vocal/guitarra);
- Christian Andreu (guitarra);
- Jean-Michel Labadie (baixo);
- Mario Duplantier (bateria).

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Carnifex - Slow Death (2016)


Carnifex - Slow Death (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil)

 
01. Dark Heart Ceremony
02. Slow Death
03. Drown Me in Blood
04. Pale Ghost
05. Black Candles Burning
06. Six Feet Closer to Hell
07. Necrotoxic
08. Life Fades to a Funeral
09. Countess of the Crescent Moon
10. Servants to the Horde

O Deathcore, assim como os demais gêneros que possuem uma pegada mais moderna, ainda sofrem um preconceito muito forte por parte dos mais tradicionalistas. Com toda sinceridade, acho isso uma grande besteira, afinal de contas, assim como qualquer gênero dentro do Metal, possui bandas boas e bandas ruins. Os americanos do Carnifex, na estarda desde 2005, contando o breve hiato entre 2012 e 2013, entram no primeiro grupo. Mostrando uma evolução contínua desde sua estreia em 2007, com Dead in My Arms, chegam aqui ao seu 6º trabalho de estúdio.

O Carnifex procura fugir um pouco do padrão do estilo, saindo assim do lugar-comum de boa parte das bandas que apostam nessa linha. Claro, os clichês vão ser encontrados em Slow Death, afinal, ainda são uma banda de Deathcore, mas sua sonoridade é mais desenvolvida, refinada, muito mais variada do que costumamos ver em bandas do gênero. Aqui, o quinteto estadunidense pratica uma música que é mais cadenciada, atmosférica e melódica que seus parceiros, mas sem abrir mão um milímetro sequer do peso e da brutalidade em suas canções.

Esse também é um álbum mais sombrio que seus antecessores e muito disso se dá devido não só a um certo flerte da banda com o Black, como também pelos discretos elementos orquestrais e sinfônicos que o grupo já vem adicionando à sua sonoridade desde o trabalho anterior, o bom Die Without Hope (14). Isso tudo serviu para dar uma maior profundidade à sua música. Faixas como “Dark Heart Cerymony” e “Slow Death” possuem uma pegada mais arrastada, influências de Doom e Sludge e riffs de inegável qualidade. Nelas, assim como em “Countess of the Crescent Moon”, podemos também observar as citadas influências de Black. Já os que preferem um Deathcore mais padrão, certamente ficarão felizes com “Six Feet Closer to Hell” e “Servants to the Horde”. Mas o grande destaque atende pelo nome de “Pale Ghost”, com sua saraivada de riffs e belíssimo solo. Aliás, cabe elogiar o ótimo desempenho de Jordan Lockrey. O cara tocou muito!

A produção se deu a quatro mãos, através de Jason Suecof (Chimaira, Death Angel, The Black Dahlia Murder, Whitechapel) e Mick Kenney (o Irrumator, do Anaal Nathrakh). Já a mixagem foi feita por Mark Lewis (Cannibal Corpse, Fallujah, Deicide). O resultado final foi muito bom e passou longe da polidez excessiva que ouvimos hoje em dia. Bruto, pesado e muito bem timbrado.

Ao final de tudo, o Carnifex entregou um álbum que vai agradar os fãs de Deathcore, mas que também tem potencial para conquistar apreciadores fora desse círculo, graças à variedade, brutalidade e selvageria de sua música. Um trabalho que vale muito a pena conhecer.

NOTA: 8,0

Carnifex é:
- Scott Lewis (vocal);
- Cory Arford (guitarra);
- Jordan Lockrey (guitarra);
- Fred calderon (baixo);
- Shawn Cameron (bateria).

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D.I.E. – II (2016) (EP)


D.I.E. – II (2016) (EP)
(Independente – Nacional)


01. Truth Like Yourself
02. Religion
03. Space to Destroy
04. Lost

Eis que 4 anos após seu EP de estreia I, o D.I.E., banda oriunda de Botucatu/SP, volta à carga com seu segundo trabalho no mesmo formato. E bem, podemos dizer que esse tempo foi muito positivo para o desenvolvimento de sua sonoridade. Nesse intervalo o seu Crossover amadureceu e angariou novas influências, se tornando mais maduro e principalmente coeso, técnico e diversificado.

Mesclando Thrash, Groove e Hardcore, sua sonoridade possui uma pegada bem moderna e feita sob medida para agradar a fãs de nomes como Hatebreed e afins, assim como também os que curtem a fase atual do Sepultura. Os vocais de Charles Guerreiro transbordam agressividade e ódio, algo que também pode ser observado no trabalho de guitarra de Hell Hound, que despeja um riffs mais feroz que o outro em nossos ouvidos. Já a parte rítmica, com o baixista Roger Vorhees e o baterista Mortiz Carrasco, mostra técnica de sobra, além de muita variedade.

Já na abertura, temos a pesada e agressiva “Truth Like Yourself”, com alguns dos riffs mais grudentos que escutei nesse ano vindos de uma banda nacional. Com uma pegada bem moderna e um refrão empolgante, é sem dúvida um dos destaques aqui. Já a faixa seguinte, “Religion”, explicita mais o lado mais Hardcore do D.I.E., sendo curta, grossa e impiedosa. “Space to Destroy” é digamos, o momento experimental do trabalho, já que ultrapassa em muito os 5 minutos de duração, sendo mais cadenciada e sombria. É onde mostram toda a sua versatilidade e capacidade de fazer boa música. Já o encerramento se dá com “Lost”, outra com pegada bem moderna e que pende para aquele Thrash/Groove no melhor estilo do Pantera.

Gravado no Odioground Studios, o trabalho teve a produção da banda em parceria com Fabiano Gil e Umberto Buldrini. O resultado final ficou muito bom e nada fica devendo se comparado a muitas produções vindas lá de fora. Já a capa ficou a cargo de Thiago D’Angelo.

Qual o maior pecado de II? Durar pouco mais de 13 minutos e te obrigar a deixar o EP no modo repeat. Sinal que já está na hora de finalmente lançarem um CD completo.

NOTA: 8,5

D.I.E. é:
- Charles Guerreiro (vocal);
- Hell Hound (guitarra);
- Roger Vorhees (baixo);
- Mortiz Carrasco (bateria).

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Patrick Pedroso – Labyrinth (2015)


Patrick Pedroso – Labyrinth (2015)
(Independente - Nacional)


01. New Ways
02. Rage of The Storm
03. Only Ashes
04. Revolution
05. New Days
06. Some Creations
07. The World Was Born
08. Inspiration
09. Visions of Time
10. Sounds of Mind
11. Freedom

Normalmente trabalhos solos de guitarristas me causam arrepios. Indubitavelmente, são carregados de autoindulgência, pedantismo e inacessibilidade. Quase sempre são trabalhos feitos apenas para que o músico mostre o quanto consegue ser veloz e tocar zilhões de notas em um único segundo, não se importando em nada com a musicalidade em si. O que conta quase sempre é se exibir para outros músicos.

Pois bem, felizmente esse não é o caso do catarinense Patrick Pedroso, que lança seu primeiro trabalho de forma independente. Claro que durante as 11 faixas que compõem o trabalho, ele faz questão de mostrar o talento que possui, mas em momento algum abre mão da musicalidade para tal. Trafegando de forma muito natural entre o Power, o Prog e o Hard, destila riffs interessantíssimos, além de solos repletos de feeling, tudo carregado de melodia e principalmente peso. A coisa aqui é tão boa, que nem sentimos falta dos vocais.

Vale destacar também que o foco de Patrick não é a velocidade, como estamos acostumados a ver na maior parte dos trabalhos nessa linha. Ele também consegue mostrar uma diversidade acima do que estamos acostumados, dando um grande dinamismo a sua obra. Podemos observar isso, por exemplo, em “Rage of The Storm”, com uma pegada bem Power, na um pouco mais cadenciada e pesada “Only Ashes”, que conta com excelentes riffs, ou na melódica “New Days”. Ele também não se abstém de mostrar algumas de suas influências, como Satriani, em “Revolution”, Malmsteen em “Sounds of Mind” ou o brasileiro Edu Ardanuy na pesada “The World Was Born”.

A gravação foi dividida em 3 estúdios. Guitarra e baixo foram gravados no CMC Estúdio, em Chapecó/SC, as guitarras acústicas e teclados, no Studio.B, em Joaçaba/SC (cidade natal do músico) e as baterias no Silent Music, em Curitiba/PR. A produção ficou a cargo do próprio Patrick e de Marcos Janowitz, que por sinal tocou baixo nas gravações. Já a mixagem e masterização ficaram por conta de Karim Serri, no Silent Music. O resultado final ficou muito bom, deixando tudo limpo, mas sem tirar o peso do material. Já a capa e toda arte do CD foram obra de João Duarte (J.Duarte Design). E já ia me esquecendo: tenho que destacar que, mesmo se tratando de um trabalho solo de guitarrista, foi dado espaço para que os demais músicos aqui presentes, Marcos e Jarlisson Jaty, também mostrassem seu talento.

Provando que é possível sim, mostrar habilidade sem abrir mão da musicalidade e da acessibilidade,  Patrick Pedroso estreou com um álbum que vai não só agradar em cheio a outros músicos, como também tem potencial para atingir o fã de Metal em geral. E no encarte temos uma homenagem ao saudoso Paulo Schroeber (Astafix, Almah), que se encerra com palavras suas. Palavras essas, com as quais farei questão de encerrar essa resenha:

“A vida é uma eterna provação e prove a você mesmo que você consegue, para que no fim das contas você esteja sentindo que o trabalho foi finalizado com êxito, mesmo que com muitos sacrifícios e dificuldades.”.

NOTA: 8,0

Patrick Pedroso (gravação)
- Patrick Pedroso (guitarra);
- Marcos Janowitz (baixo e guitarra);
- Jarlisson Jaty (bateria).

Convidados:
- Jaison Danielli (guitarra);
- Karin Serri (guitarra);
- Anghelo Rodrigues (teclado).

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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Sodom - Decision Day(2016)


Sodom - Decision Day(2016)
(Shinigami Records/SPV - Nacional)


01. In Retribution
02. Rolling Thunder
03. Decision Day
04. Caligula
05. Who Is God?
06. Strange Lost World
07. Vaginal Born Evil
08. Belligerence
09. Blood Lions
10. Sacred Warpath
11. Refused To Die

Há 30 anos, era lançado um dos grandes clássicos do Metal na Alemanha, Obsessed by Cruelty, do Sodom. De lá para cá, o grupo capitaneado pelo lendário Tom Angelripper lançou mais 14 álbuns de estúdio, contando com esse Decision Day, e mesmo com uns poucos altos e baixos (algo esperados em uma carreira de décadas), sempre se mantendo fiel à sua proposta de música de qualidade. Vindo de dois lançamentos elogiados, In War and Pieces (10) e Epitome of Torture (13), a pergunta era se continuariam mantendo o nível. E bem, aqui está a resposta.

Quando falamos de Sodom, esperamos músicas esmagadoras, pesadas e acima de tudo raivosas. E bem, isso já temos de cara com as ótimas “In Retribution”, com seus riffs sólidos e bateria poderosa e a candidata a clássica “Rolling Thunder”, com seu riff monstruoso, refrão que gruda na memória e claro, muita fúria. É o velho Sodom de sempre em ação. Outra forte candidata ao posto de clássico é “Caligula”. Bruta, simples, com algumas boas melodias, conta com um baixo que se destaca e um refrão que você já vai cantar junto de primeira e que ficará dias e dias em sua memória. Cabem destaques também para a alucinada “Vaginal Born Evil”, dessas músicas feitas para quebrar pescoços, a diversificada “Belligerence” e a agressiva “Blood Lions”, que tem um pé naquele Thrash tipicamente americano.

Claro que nem tudo são flores e as coisas não funcionam perfeitamente em faixas como “Decision Day”, “Sacred Warpath” e “Refused To Die”, que não empolgam e soam bem comuns para uma banda do porte do Sodom, mas mesmo faixas como as medianas “Who Is God?” e “Strange Lost World” te fazem passar batido por esses momentos menos inspirados. A produção e mixagem aqui ficaram a cargo de Cornelius Rambadt (Onkel Tom Angelripper), no Rambado Recordings e a masterização foi feita por Dennis Koehne (Caliban, Exumer, Lacuna Coil, Orden Ogan, Tristania) no Flying Pigs Studio. Já a capa dispensa apresentações e foi feita pelo mestre Joe Petagno, fechando o pacote com chave de ouro.

O Sodom é desses raros casos que mesmo evoluindo seu som, nunca nega suas raízes, mantendo-se fiel ao seu estilo, sem soar datado. Tem seus pés fincados nos anos 80, mas sem deixar de soar atual e isso é para poucos. Mais uma vez a máquina de guerra alemã mostra do que é feita, e com aço e fogo, mostra porque é uma das maiores bandas da história do Metal alemão. Um dos grandes lançamentos de Thrash desse ano.

NOTA: 8,0

Sodom é:
- Tom Angelripper (vocal/baixo);
- Bernemann (guitarra);
- Makka (bateria).

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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

No Trauma - Viva Forte Até o Seu Leito de Morte (2016)


No Trauma - Viva Forte Até o Seu Leito de Morte (2016)
(MS Metal Records - Nacional)


01. Fuga
02. Quimera
03. M.M.A
04. Massa de Manobra
05. O Chamado
06. Força
07. Sedativo
08. Demoniocracia
09. Igualdade
10. Algemas do Medo
11. Viva Forte
12. Sawabona Shikoba

Nunca fui lá grande apreciador de Metalcore. Não por ser desses radicais que abominam qualquer sonoridade que fuja do padrão tradicional, mas porque simplesmente as bandas que escutava não conseguiam me prender por mais de uma ou duas músicas. Tudo me soava repetitivo, cansativo, igual demais. E aqueles refrões melódicos com vocais limpos então? Como isso me irritava. Sendo assim, quando soube que o No Trauma se enveredava por essa linha, confesso que fiquei com os dois pés atrás.

Nada é mais recompensador do que você se surpreender com um trabalho. E foi exatamente isso que ocorreu durante a audição de Viva Forte Até o Seu Leito de Morte, álbum de estreia do quarteto oriundo do Rio de Janeiro formado por Hosmany Bandeira (vocal), Tuninho Silva (guitarra), João de Paula (baixo) e Marvin Freitas (bateria). O que mais me despertou a atenção é que acima de tudo, procuram fugir dos clichês do estilo e assim dar a sua música uma identidade própria. Claro, certas características como os vocais agressivos alternando entre o gutural e o gritado, guitarra com afinação mais baixa, baixo e bateria velozes e claro, breakdowns, estão presentes, mas a isso somam-se influências de Groove e Djent que acabam tornando tudo bem interessante.

Outro fato bem legal é que as letras são todas em português. E por sinal, que letras, meus caros amigos. Todas são fortes e têm muito o que dizer, valendo a pena acompanhar as mesmas com o encarte em mãos. Fortes, contestadoras e tão pesadas quando o som da banda. São 12 canções intensas, agressivas, com guitarras sujas, baixo e cozinha impondo muito groove e os vocais variando desde guturais até os limpos. E nesse ponto, cabe destacar, se diferenciam do que estamos acostumados nos estilo, ou seja, nada de refrões melódicos com vocais limpos. A coisa aqui é bem mais bruta e quando os vocais limpos surgem, são muito bem encaixados e agregam qualidade.

Sim, tal fala é clichê, mas sinto grande dificuldade em apontar destaques aqui. A sequência inicial por exemplo, é uma porrada daquelas muito bem dadas e que deixa qualquer um meio grogue, perdido. “Fuga” e “Quimera” são bem agitadas, com ótimos riffs e muita agressividade, “M.M.A” mantêm a pegada forte das anteriores, enquanto “Massa de Manobra” destrói tudo do primeiro ao último segundo. Mas o posto de preferida aqui ficou realmente com “Demoniocracia”, veloz, agressiva, brutalmente pesada, inclusive no quesito letra.

Gravado e mixado no Aeon Audio (RJ), com produção do estúdio e da banda, e o resultado ficou muito bom. Do meu ponto de vista, não deve nada se comparado com boa parte das produções que escuto vindo lá de fora. Já a capa e a arte do encarte ficaram por conta do guitarrista Tuninho Silva e são muito legais. Trabalho muito bem feito.

Competente, agressivo, pesado e acima de tudo, buscando fugir dos clichês do estilo, o No Trauma estreou muito bem com Viva Forte Até o Seu Leito de Morte. Se tem a cabeça mais aberta para sonoridades modernas, certamente esse é um trabalho que vai agradar em cheio.

NOTA: 8,5

- Hosmany Bandeira;
- Tuninho Silva (guitarra);
- João de Paula (baixo);
- Marvin Freitas (bateria).

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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Melanie Klain – Análise do Caos (2016)


Melanie Klain – Análise do Caos (2016)
(Independente – Nacional)


01. Intro (Desrespeitável Público)
02. Abençoados por Deus
03. Diálogo
04. Fé Cega
05. Guerra
06. Marcas do Abandono
07. Lavagem Cerebral
08. Cartas de um Suicida
09. Cólera/Nação
10. Rede Social
11. Análise do Caos
12. Reflexão

Olha, lhes digo que uma das partes mais legais de se “escrevinhar” resenhas se dá quando uma banda que desconhecemos nos surpreende. A Melanie Klain, banda surgida na cidade de Mococa/SP no ano de 2007, já havia despertado minha atenção no Vol. 7 da coletânea do programa Roadie Metal, mas ainda assim não esperava me deparar com tamanha qualidade ao colocar seu debut, Análise do Caos, para rodar no meu aparelho de som.

Seu som é bem moderno, mesclando influências de Thrash/Groove Metal, Hardcore e Modern Metal, algo como se o Dr. Frankenstein resolvesse formar uma banda unindo partes do System Of A Down, uma banda de Hardcore NY e o Pantera. Isso a grosso modo, já que o quinteto mostra muita personalidade, dando à sua música uma cara bem própria. Esbanjando técnica e variedade, sua música não é muito de se prender a rótulos, o que acaba sendo muito positivo para a banda. Chamam a atenção também as letras, todas em português, muito fortes, bem contestatórias mesmo, escancarando as mazelas do nosso país.

Os vocais de Duzinho são excelentes e ele consegue impor grande variedade vocal ao trabalho, sendo um dos grandes destaques do álbum. A dupla formada por Violla e Chapolin esbanja qualidade nas guitarras, não só através de ótimas linhas e riffs, como também pelos solos. Já a baixista Vick e o baterista Pedro formam uma parte rítmica muito técnica e diversificada, além de muito pesada.

Destaques aqui não faltam, como por exemplo, a ótima “Abençoados por Deus”, bem pesada, variada e com boas mudanças de andamento, características presentes também em “Diálogo”. “Fé Cega” é outra porrada certeira, com destaque para Duzinho e em “Guerra” você pode observar com bastante clareza as influências de Hardcore no som do Melanie Klain. Não posso esquecer também da agressiva “Lavagem Cerebral”, um Thrashcore de refrão grudento, pegada moderna e simplesmente impiedoso, desses de entortar pescoços alheios.

Gravado no SeteStudio e tendo a produção sido feita pela banda em parceria com Fabio Dias, o resultado final foi muito positivo, já que apesar da clareza de todos os instrumentos, o peso e a agressividade se fazem mais do que presentes. A parte gráfica é muito bem bolada, com ilustrações por Carol Melo Navarro, e direção de arte e design de Paulo Jr.

Criativo, inteligente, com muita identidade, sem medo de experimentar e apresentando canções diversificadas e cheias de mudanças de andamento (o que evita que se tornem cansativas), a Melanie Klain se mostra uma das bandas mais promissoras do atual cenário nacional. Se você tem a cabeça mais aberta para sonoridades modernas dentro do Metal, tem a obrigação moral de correr atrás de Análise do Caos.

NOTA: 8,5

Melanie Klain é:
- Duzinho (vocal);
- Violla (guitarra);
- Chapolin (guitarra);
- Vick (baixo);
- Pedro (bateria).

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Revolting - In Grisly Rapture (2011)


Revolting - In Grisly Rapture (2011)
(Extreme Union - Nacional)


01. Hell in Dunwich
02. The Plague of Matul
03. Human Exterminator
04. Dr.Freudstein
05. "Died of Fright"
06. Sucked into the Sand
07. (Beyond) The Book of Eibon
08. The Devil Witch
09. Hideous & Revolting

Para a maior parte dos bangers normais, o nome Rogga Johansson não diz muita coisa, mas os aficionados pelo bom e velho Death Metal sueco já o conhecem graças às dezenas de projetos e bandas criadas pelo mesmo. O cara é um verdadeiro workaholic do Metal e através de nomes como Demiurg, Johansson & Speckmann, Paganizer, Ribspreader, The Grotesquery, Bloodgut ou Bone Gnawer, já fez ou faz a alegria de muitos fãs do estilo.

O Revolting surgiu no ano de 2008 e desde então, lançou 5 álbuns, sendo o mais recente deles intitulado Visages of the Unspeakable (15), sempre apresentando aquele Death Metal característico das bandas de Estocolmo. In Grisly Rapture é seu terceiro trabalho de estúdio e sai agora em versão nacional graças à união de uma série de selos do nosso underground, que faço questão de citar um a um: Nomade Rock, Autópsia Records, Barulho Subterrâneo Records, Brothers of Metal, Brutaller Records, Cianeto Discos, Godless Records, Lab 6 Music, The Metal Vox, Misantrophic Luciferian Onslaught, Rock Animal, Rock Clube Live, Spricigu’s Metal House, Terceiro Mundo Chaos Discos, Violent Records, Vulto Negro Records e Wolves Curse Records.

Já na abertura, com “Hell in Dunwich”, podemos ter um claro retrato do trabalho. Densa, intensa, com um refrão muito forte e boas melodias, mas sem exageros. É um dos destaques. Aliás, vale destacar a forma como o trio consegue equilibrar bem peso, agressividade e melodias. Coisa pra quem entende do riscado. Cabe também destacar faixas como “The Plague of Matul”, com ótimos riffs, “Dr.Freudstein” e “The Devil Witch”, que conta com vocais bem variados e um belíssimo trabalho da parte rítmica.

As letras são outro ponto de destaque, já que são pequenos contos de terror baseados em filmes de mestres como Mario Bava, Lucio Fulcci e outros que são devidamente citados no encarte. Todas são escritas por Dezpicable Desmond, também responsável pela capa. Na parte referente à produção, tivemos a mixagem e masterização feitas por Ronnie Björnström, com ótimos resultados, já que deixou tudo bem claro e audível, mas sem deixar tudo excessivamente limpo e sem peso.

Se você curte um Death Metal sueco com pegada mais old school, o Revolting é uma banda que decididamente vale a pena ser conhecida, ainda mais agora, ganhando uma versão nacional que vem embalada em um digipack muito caprichado. Corra atrás do seu, pois é uma aquisição que decididamente vale a pena.

NOTA: 8,0

Revolting é:
- Revolting Rogga (vocal/guitarra);
- Grotesque Tobias (baixo);
- Mutated Martin (bateria).

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domingo, 2 de outubro de 2016

Melhores álbuns – Setembro de 2016

 
No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de setembro na opinião do A Música Continua a Mesma.