quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Angra - Secret Garden (2015)




Angra - Secret Garden (2015)
(earMusic - Importado)

1 - Newborn Me
2 - Black Hearted Soul
3 - Final Light
4 - Storm of Emotions
5 - Violet Sky
6 - Secret Garden
7 - Upper Levels
8 - Crushing Room
9 - Perfect Symmetry
10 - Silent Call

Antes de começar a falar propriamente de Secret Garden, oitavo álbum de estúdio do Angra, um pequeno desabafo. Desde que o álbum saiu no Japão, em meados de Dezembro, andei lendo muitas críticas pesadas ao mesmo nas mídias sociais. Isso me fez concluir que nosso complexo de vira lata é incurável, já que por tudo que venho escutando nos últimos anos em matéria de Metal, garanto que 90% dos que detonaram Secret Garden “pagariam pau” para o mesmo se fosse um trabalho de alguma banda inglesa, sueca, finlandesa, alemã, norueguesa ou até mesmo fijiana. Claro, existem aqueles que criticaram o álbum de forma embasada e esses merecem todo o respeito do mundo, afinal, ninguém é obrigado a gostar de um trabalho lançado única e exclusivamente por ele se tratar de uma banda nacional. Analisaram (e desgostaram) pelo lado musical, o que é correto, mas infelizmente foram minoria.
Os últimos 10 anos não foram fáceis para o Angra. Musicalmente falando, após o ótimo Temple Of Shadows (04), entraram em uma espiral descendente e que resultou nos fracos Aurora Consurgens (06) e Aqua (10). Esse último, confesso, até hoje não aguentei escutar inteiro. Fora isso, fortes turbulências atingiram a banda, resultando primeiro no rompimento nada amigável com o baterista Aquiles Priester (e no retorno de Ricardo Confessori) e mais recentemente, na saída do vocalista Edu Falaschi (substituído pelo italiano Fabio Lione). Já em 2014, após o desligamento amigável de Confessori, recrutaram o talentoso Bruno Valverde, que tocava na banda solo de Kiko Loureiro. Historicamente, o Angra sempre nos mostrou duas características importantes. Nunca se repetir de um álbum para o outro (mesmo mantendo uma identidade sonora toda sua) e sempre conseguir se recriar, ressurgindo com força em seus momentos de maior turbulência. Em Secret Garden não é diferente e mais uma vez, quando muitos não davam nada mais pela banda, aparecem soando renovados.
Secret Garden é o trabalho mais pesado, profundo, moderno e soturno de sua carreira. Se você busca aquele Power Metal melódico feliz, veloz, mas clichê, repetitivo e sem inspiração, melhor passar batido. Claro que esses elementos estão na base do som, afinal é um disco do Angra, mas não estão presentes de maneira ortodoxa. Momentos com aquela típica musicalidade brasileira, com ótimas passagens percussivas e outras que podem remeter ao Jazz/Fusion e ao Progressivo podem ser encontradas se o ouvinte se permitir algumas audições realmente atentas do trabalho. Com relação aos estreantes em estúdio, Fabio Lione se mostra a opção acertada para substituir Edu, já que não abusa daqueles falsetes irritantes e mostra a categoria de sempre. Bruno Valverde certamente irá surpreender aqueles que desconhecem seu trabalho e talvez seja um dos grandes responsáveis pelo ótimo resultado apresentado aqui. Prestem atenção durante a audição e perceberão um baterista que vai muito além de tocar de forma rápida e pesada, como muitos outros dentro do estilo. Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt mostram a categoria de sempre, com ótimos riffs e solos, enquanto Felipe Andreoli brilha em diversos momentos. Rafael vai surpreender a muitos com os ótimos vocais que apresenta aqui. Os grandes destaques vão para a abertura, com “Newborn Me”, pesada, com boas orquestrações e com um belo e surpreendente solo de violão, a balada “Storm of Emotions” (mimimi cadê o solo, reclamarão os ortodoxos), a surpreendente “Violet Sky” (cantada por Rafael), “Secret Garden”, cantada integralmente por ninguém menos que Simone Simons (Epica), o dueto muito legal entre Rafael e Doro Pesch na pesada “Crushing Room” e a belíssima balada que encerra o álbum, “Silent Call”, interpretada por Rafael.
Secret Garden é um trabalho conceitual, contando a história de um cientista que após perder e esposa, precisa reencontrar o sentido para a vida, passando inclusive a questionar muitas de suas crenças. Nesse ponto, faz-se necessário elogiar o trabalho dos renomados produtores Roy Z (responsável pela pré-produção) e Jens Bogren (também responsável pela mixagem), que junto com a banda, conseguiram transpor para o som e a produção esse clima mais obscuro presente no conceito. Muitos discordarão de minhas palavras (e da nota no final), outros tantos concordarão, mas a verdade é que este é um grande álbum, um dos melhores de toda a carreira do Angra. Se mostrando renovado e com fôlego de sobra para enfrentar os desafios vindouros, o Angra está mais do que preparado para voltar a se destacar dentro do cenário do Metal mundial. E com todo merecimento.

NOTA: 9,0






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