sexta-feira, 12 de julho de 2013

Entrevista: Fearless



Há algum tempo queria dar um passo à frente com o a Musica Continua a Mesma e sair apenas do campo das resenhas. Bem, aqui está ele. A partir de hoje, sempre que possível (já que convenhamos, meu tempo disponível para tocar o blog não é tão grande assim), estaremos publicando entrevistas com bandas do Metal Nacional, resenhadas ou não pelo Blog. E dando o pontapé inicial, a primeira banda nacional que resenhei por aqui, a juizdeforana Fearless, que pratica um Power Metal com toques de Folk e Música Clássica, com muita qualidade. Então, vamos ao que interessa!

Fearless



1 – Pra aqueles que ainda não conhecem a Fearless, fale um pouco sobre a história e influências da banda.

Daniel Vasconcelos: Bom Leandro, tudo começou em 2009. Eu (Daniel Vasconcelos) e o Davi sempre curtimos bandas como Sonata Arctica, Avantasia, Rhapsody of Fire, Blind Guardian... E queríamos montar um projeto de power metal. Resolvemos juntos compor uma música e saiu a Jericho, que é a terceira faixa de nosso EP Ancient Wisdom, mas até então não era uma banda. Nem sequer tinha nome. Foi em 2010 que chamamos nossos amigos de infância e igualmente fãs de power metal, Giovanni para a batera e o Anjinho para se unir ao Davi nas guitarras, e demos ao projeto o nome de FEARLESS. Mais tarde naquele ano encontramos o tecladista Alex e o baixista Pedro para completar a equipe, e desde então somos como uma família.
Quanto as nossas influências, nos espelhamos muito como músicos em bandas como Blind Guardian, Turisas, Rhapsody of Fire. Pessoalmente como vocalista, sempre me inspirei muito nas vozes de Fabio Lione, Tony Kakko e Andre Matos.

2 – Nos últimos anos, a cena Power Metal sofreu uma estagnação. A maioria das novas bandas se contenta em soar como simples clones de nomes consagrados do estilo, sem apresentar nada de novo. Qual o diferencial da Fearless para escapar dessa armadilha e se destacar nesse cenário?

Daniel: Não creio que a cena do power metal esteja estagnada. Após a ascensão do estilo nos anos 90 ainda surgem grandes novos nomes como Avantasia, DragonForce, Shaman, Sabaton, Dark Moor, bandas estas, cuja sonoridade as difere em muito uma da outra, que tiveram seu pico de popularidade recentemente na década de 2000 ou até mesmo na década atual. Isso sem falar em bandas de estilos diversos que incorporaram o power metal em sua sonoridade, como por exemplo o Turisas, banda de folk metal com fortes influências do power metal.
Mas justamente por estarmos em meio a tantos “titãs” do gênero é que temos que ser criativos e inovadores. O diferencial do Fearless em relação às outras bandas é que não tratamos o projeto apenas como música. Trabalhamos no campo audiovisual da teatralidade, fantasia e em diversas outras áreas. Não posso adiantar muita coisa por enquanto, mas estamos com umas parcerias muito interessantes, entre elas produtores literários e até mesmo game designers. Queremos levar o Fearless a diferentes patamares dos meios de entretenimento.

 
3 – Como se deu o contato e posterior contrato com a gravadora italiana Heart Of Steel?

Daniel: Conhecemos a Heart Of Steel através de nossos amigos da banda Glitter Magic, que inclusive nos auxiliaram muito no proceder das negociações, especialmente o guitarrista Luqui Di Falco. Mostramos ao dono da gravadora o nosso EP com a intenção de dar-lhe uma ideia de como seria o álbum completo, mas aparentemente ele gostou tanto que quis lançar logo o próprio EP!

4 – E como anda a divulgação do EP “Ancient Wisdow” no Brasil e no exterior? A resposta tem sido positiva?

Daniel: O “Ancient Wisdom” nos abriu muitas portas, tanto no Brasil como no exterior. Reviewers e fãs sempre elogiam muito e não param de perguntar quando teremos novas músicas. Me rendeu também participações importantíssimas para a minha carreira em projetos de renome internacional e tem chamado a atenção de grandes gravadoras muito conhecidas, com as quais já estamos em negociação. O EP foi um passo importantíssimo, mas não se compara ao que está por vir.

5 – E um álbum completo? Está a caminho? Existe uma previsão de lançamento? O que o fã pode esperar dele?

Daniel: Já estamos em estúdio gravando nosso álbum completo e temos a honra de ter Raphael Lamim, guitarrista do grande Thessera, coproduzindo o projeto comigo e com o Davi. As músicas estão de arrepiar. Muito drama, heroísmo e virtuosidade em poderosas melodias muito contagiantes. Acreditamos que os fãs irão se deliciar! Pretendemos lançar o álbum mundialmente até o final deste ano e talvez contemos com uma participação especialíssima que por enquanto vou deixar como surpresa...

6 – Recentemente você, Daniel Vasconcelos, fez uma participação no álbum “The Omens Of Death”, do ator Christhoper Lee. Como se deu o convite? Como isso repercutiu para divulgação da banda e como pretendem capitalizar essa participação em prol de vocês?

Daniel: Bem, um belo dia, abri minha caixa de emails e lá estava um email de Juan Aneiros, produtor do projeto Charlemagne e genro de Christopher Lee, perguntando se eu estaria interessado em participar do “The Omens Of Death”, que já estava em processo de gravação na época. Ele deixou bem claro que aquilo não era uma audição seletiva e sim um convite, pois ele já tinha me escutado cantar. No começo achei que era alguma brincadeira de algum amigo, demorou para a ficha cair.
Desde o lançamento do álbum e com o espalhar da notícia as oportunidades vêm se multiplicando. Estamos no momento analisando contratos de publishing para o lançamento de nosso cd e turnês internacionais que chegaram até nós graças ao reconhecimento que veio desta participação.


7 – Nos dias de hoje, a pirataria digital se tornou uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que afeta bruscamente a venda de Cd’s, acaba permitindo que bandas novas alcancem um público que a alguns anos atrás seria impensado. Como vocês da Fearless lidam como esse assunto para lá de espinhoso?

Daniel: É um assunto espinhoso de fato, Leandro. As opiniões em nosso meio de convívio são diversas. Acreditamos que é algo inevitável que afeta a todos os músicos positiva e negativamente. E já que é inevitável, nós do Fearless buscamos usar a nosso favor através da divulgação de proporções míticas que isso pode proporcionar. E pelos resultados, tem funcionado. Não vemos como algo de todo ruim. Tentamos também investir pesado naquilo que não se pode piratear que são as performances ao vivo. Buscamos dar ao fã uma experiência insubstituível e única o suficiente para que ele queira estar em nossos shows para nos ver, já que nos escutar, qualquer um no mundo que quiser pode.

8 – Ainda dentro desse panorama da pirataria digital, ainda vale a pena lançar um CD físico?

Daniel: Com certeza. Quem compra mp3 pelo ITunes, games pelo Steam, ou filmes pelo Netflix sabe como faz falta algo que você possa ter a sensação de desembalar, manusear, expor em uma estante... Mesmo tendo acesso a mídias virtuais de livros, games, música, filmes, várias pessoas ainda optam pela mídia física pela satisfação diferenciada que ela proporciona. É como se desse uma impressão de maior proximidade com o artista, na minha opinião. Devido a pirataria principalmente, a banalização da mídia virtual faz com que o cd físico tenha um valor muito maior para o fã que quer prestigiar o músico.

9 – Como é ser uma banda de Metal no Brasil, um país dominado por modas musicais?

Daniel: É extremamente gratificante. Ver que você está caminhando bem sucedido, sendo sincero, fazendo o que gosta, sem se render ao que a mídia brasileira impõe como “arte”, não tem preço. Não devemos perder as esperanças. Ainda existem brasileiros que não engolem qualquer coisa.

10 – É comum ouvir bandas nacionais reclamando da dificuldade de se fazer shows no Brasil, tanto pela falta de profissionalismo de produtores, como também pela falta de apoio do público, que muitas vezes dá mais valor a bandas estrangeiras, apesar do alto nível de nosso cenário. Como vocês enxergam essa questão?

Daniel: É aquele velho ditado: “Santo de casa não faz milagre.” Quando chega uma banda de fora para fazer um show o público sabe que aquela oportunidade não vai voltar tão cedo, ou pode até mesmo ser única dependendo da banda. Já bandas nacionais, sabemos que vamos vê-las por aqui com uma frequência maior. Dependendo de onde mora você até topa com os caras na rua. O charme vai se perdendo, é um fenômeno normal por parte do público. Já em relação às bandas, não creio que o nível esteja tão alto assim. O que acontece a meu ver é o baixo padrão por parte da mídia, dos produtores e por parte das próprias bandas em relação ao que é considerado de alto nível, mas o padrão do público continua o mesmo. Sempre vai haver comparações com as bandas de fora e temos que nos esforçar para fazer jus a essas comparações, tanto musicalmente quanto visualmente, o que eu acho que não tem acontecido.


11 – O espaço agora é todo de vocês para considerações finais, portanto, sintam-se a vontade.

Daniel: Gostaria de agradecer a você, Leandro, pela prazerosa entrevista e a todos os fãs por todo o apoio que chega até nós como uma força imprescindível para a nossa jornada. Nesse mês estaremos inaugurando nosso site oficial. Fiquem atentos, pois novidades GRANDES estão por vir! Um abraço a todos e KEEP ROCKIN’!


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Um comentário:

  1. curti muito a entrevista. Daniel como sempre além de cantar muito, discursa bem sobre diversos assuntos, e a banda está sempre de parabéns por todos os trabalhos, estes já aqui citados. abraço do fotógrafo Fernando Raine

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